A final da Liga dos Campeões será a última oportunidade de Jadon Sancho provar que a sua passagem infeliz pelo Manchester United foi resultado de uma disfunção do clube e não de um fracasso pessoal.
Sancho regressou em janeiro ao Dortmund, o clube onde se tornou famoso quando era adolescente, o que lhe valeu uma transferência milionária para o Manchester United em 2021.
O jogador de 24 anos impressionou durante os seis meses em que esteve emprestado, especialmente na Liga dos Campeões, onde ajudou o Dortmund a chegar à final, pela terceira vez na sua história.
O facto de o poder fazer no palco da final do Euro, perdida para a Itália, onde Sancho foi criticado por ter falhado um penálti na decisão por grandes penalidades, só o tornaria mais doce para o extremo, que voltou a ficar de fora da seleção inglesa este mês.
Mostrar-se ao mundo
Sancho chegou ao Dortmund com apenas 17 anos, oriundo da academia do Manchester City em 2017, uma jogada ousada do adolescente, numa época em que os jogadores ingleses raramente deixavam a ilha.
A sua contratação não só prenunciou a tendência de os talentos ingleses irem para o estrangeiro, como também se tornou uma componente ofensiva crucial numa equipa do Dortmund que estava a caminhar sozinha.
Em quatro anos no Westfalenstadion, Sancho marcou 50 golos e fez mais 64 em 137 jogos. Ganhou a Taça da Alemanha de 2021 pouco antes de se juntar ao Manchester United, por 85 milhões de euros.
Em Old Trafford, Sancho marcou apenas 12 golos em 82 jogos. Desentendeu-se com o técnico Erik Ten Hag no início desta temporada e voltou a Dortmund em janeiro, sem jogar futebol desde setembro.
O diretor desportivo do Borussia Dortmund, Sebastian Kehl, que foi crucial no regresso de Sancho ao clube, disse que o inglês mostrou a sua determinação durante o período em que esteve emprestado.
"Não foi uma situação fácil em janeiro trazer Jadon para o Dortmund", disse Kehl na terça-feira.
"Mas sabíamos que Jadon tinha a capacidade de atuar, de ser decisivo e de nos levar a outro nível. Jadon é uma grande pessoa, um grande jogador, e a experiência que teve em Manchester ajudou-o a atuar agora. Ele vai ser muito importante para nós no sábado. Vai mostrar ao mundo que Jadon Sancho está mesmo de volta", acrescentou.
Motivação extra
Apenas uma das 23 partidas de Sancho pela seleção inglesa aconteceu após a derrota na final de Wembley para a Itália, no mesmo verão em que ele assinou contrato com o United.
A recuperação da forma não lhe valeu o regresso à lista alargada de 33 jogadores de Gareth Southgate para o Campeonato da Europa, que começa a 14 de junho em Munique, quando a anfitriã Alemanha defrontar a Escócia.
O capitão do Dortmund, Emre Can, disse que Sancho esteve "em grande forma", explicando que "não jogou durante seis meses, por isso não é fácil voltar e atuar assim".
Can, que ficou de fora da seleção alemã para o Euro-2024, disse que a desilusão iria motivar os dois jogadores no sábado.
"É claro que ele não está contente. Eu não estou na seleção alemã e não estou contente com isso. Isso dá-nos uma motivação extra para mostrarmos aos treinadores e à seleção nacional que merecemos estar presentes, e é isso que vamos tentar fazer no sábado", afirmou.
A magnitude da tarefa da equipa alemã no sábado não é apenas ilustrada pela enorme diferença de títulos, com o Real Madrid a ostentar 14 troféus da Liga dos Campeões, contra um do Dortmund.
O Real Madrid teve condições de desembolsar mais de 100 milhões de euros para contratar Jude Bellingham do Dortmund, há 12 meses.
O médio inglês foi uma revelação na capital espanhola e provou ser crucial no triunfo do Real na LaLiga e no caminho para outra final europeia.
O Borussia Dortmund, que terminou em quinto lugar no campeonato, 27 pontos atrás do invicto Bayer Leverkusen de Xabi Alonso, recorreu a empréstimos para se reforçar em janeiro.
Além de Sancho, o Dortmund contratou o lateral Ian Maatsen, emprestado pelo Chelsea por seis meses. O seu ritmo e controlo no flanco esquerdo foram cruciais para o desenvolvimento de Sancho mais à frente. Maatsen referiu-se a Sancho na terça-feira como "um jogador inacreditável".