Em 1964, a Espanha triunfou em casa num duelo de ideologias contra a União Soviética. Mas apesar de Chus Pereda, Amancio e Marcelino terem marcado na mini-final, o sucesso dos anfitriões talvez não fosse possível sem o génio de Luis Suárez.
O craque espanhol, apelidado de "O Arquiteto", foi a força motriz do sucesso dos ibéricos. Os espectadores da final de 1964 assistiram a muitos passes para trás, bem como a algumas jogadas de ataque pela extrema direita, que culminaram em cruzamentos perigosos.
Génio criativo, Suárez esteve na origem do primeiro golo da meia-final contra a Hungria e do primeiro da final contra a URSS, ambos marcados por Pereda.
O jogador mais caro do mundo
Estrela do Barcelona, Luis Suárez causou grande agitação na Espanha de Franco quando decidiu aceitar uma proposta do Inter de Milão.
Foi considerada uma das decisões mais polémicas da história do Barcelona, uma vez que a direção do clube catalão procurava maximizar as receitas para pagar algumas das suas dívidas financeiras e concluir a construção do Camp Nou, mas foi uma decisão considerada antipatriótica por alguns dos seus compatriotas.
Em 1961, o Inter pagou 25 milhões de pesetas por ele, o que na altura foi o valor mais elevado alguma vez gasto numa transferência de um jogador, e tornou-se o primeiro jogador espanhol a jogar na Serie A, ao lado de Juan Santisteban.
Em 1964, Luis Suárez tornou-se o primeiro jogador a ganhar a Taça dos Campeões Europeus e o Campeonato da Europa no mesmo ano. O Inter de Milão derrotou o Real Madrid por 3-1 na final, em Viena, e a Espanha venceu a URSS por 2-1 na fase final da Taça das Nações Europeias, como era então chamado o Europeu.
Luis Suárez ficou na história como um dos jogadores mais criativos alguma vez vistos nos campos de futebol, bem como o único espanhol (no futebol masculino) a ganhar a Bola de Ouro, prémio que recebeu em 1960.
Numa homenagem prestada pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) após a sua morte em 2023, aos 88 anos, Luis Suárez foi descrito como "uma das maiores lendas do nosso futebol", enquanto os representantes do Inter falaram de "um talento único - o número 10 do Grande Inter, que levou as nossas cores às alturas de Itália, da Europa e do mundo".