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“Eles são extremamente competitivos, intensos, adeptos do trabalho e respeitadores das hierarquias. Não me espantará que lutem pelo jogo até ao final. Prevejo que Portugal se imponha pela maior qualidade individual e, sobretudo, coletiva, mas acho que os checos vão vender bastante caro esses 90 minutos”, disse à agência Lusa o técnico, de 47 anos.
Portugal e República Checa medem forças na terça-feira, a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa), na Red Bull Arena, em Leipzig, na Alemanha, em duelo da primeira ronda do Grupo F da 17.ª edição do Campeonato da Europa, que integra ainda Turquia e Geórgia.
“Vão encarar sempre Portugal como o opositor mais forte e tudo aquilo que conseguirem fazer para contrariar esse favoritismo é uma vitória para eles. Por aquilo que vejo, podem ser um outsider no grupo, sendo que as expectativas não estão muito elevadas”, traçou.
Os checos, vices em 1996, são totalistas em Europeus e jogam a oitava edição seguida desde a dissolução da Checoslováquia, detentora de três presenças e campeã em 1976, quando Antonín Panenka decidiu com um célebre penálti ‘picado’ para o meio da baliza a final diante da então Alemanha Ocidental (5-3 no desempate, após 2-2 nos 120 minutos).
“São bastante disponíveis e fortes no aspeto físico, que começam a evoluir desde idades muito jovens. Trabalhamos com alguns atletas dos sub-19 no Znojmo e eu gosto de falar com eles para perceber um pouco mais da realidade. Dizem-me que, por vezes, passam mais tempo no ginásio do que no próprio campo. Já podemos ver por aqui o cuidado que dão ao físico”, contextualizou Rui Amorim, a evoluir naquele país desde outubro de 2023.
A República Checa apurou-se no segundo posto do Grupo E, com os mesmos 15 pontos da surpreendente Albânia, que se superiorizou pela vantagem no confronto direto, tendo deixado para trás a Polónia, orientada pelo ex-selecionador português Fernando Santos nas cinco primeiras rondas e qualificada através do play-off, a Moldávia e as Ilhas Faroé.
“A nível tático, usam o jogo direto, são práticos e revelam impaciência com bola. Sentem-se muito confortáveis num jogo de transições e podem causar dificuldades por aí à toada tipicamente mais latina de Portugal. Pela compleição física e mentalidade, eles apostam na bola parada e esse é o momento em que sentem que podem tirar vantagem”, avaliou.
Essas características já vigoravam sob alçada de Jaroslav Silhavý, que era selecionador desde 2018 e tinha levado o país aos ‘quartos’ do Euro2020, disputado no ano seguinte, face à pandemia de covid-19, mas foi incapaz de resistir às críticas e renunciou ao cargo instantes depois do apuramento para a Alemanha, permitindo o regresso de Ivan Hasek.
Com uma curta passagem pelo banco em 2009, fase em que também era presidente da federação local, Hasek tem apostado quase sempre numa base com três centrais e Rui Amorim confia nas “fortes possibilidades” de os checos encararem Portugal em 3-4-1-2.
O perigo surge da “qualidade e experiência” do médio e capitão Tomás Soucek, oriundo do West Ham, da Liga inglesa, e do avançado Patrik Schick, que ajudou o invicto Bayer Leverkusen a sagrar-se campeão germânico pela primeira vez em 2023/24 e foi um dos melhores marcadores do Euro-2020, com os mesmos cinco tentos de Cristiano Ronaldo.
“Os checos são grandes admiradores do nosso estilo de jogo e da qualidade do jogador português e mostram um profundo respeito por ícones como José Mourinho e Cristiano Ronaldo. Por isso, é normal - e já aconteceu diversas vezes - encontrar aqui crianças a passear na rua com camisolas da seleção nacional e do Ronaldo”, atestou Rui Amorim.