Em pano de fundo, o conflito entre o guarda-redes do Real Madrid, um dos melhores do mundo, e o treinador italo-alemão.
Oficialmente, Courtois sentiu que não estava a 100 por cento, depois de meses fora de ação (desde agosto passado) com lesões no joelho, e optou por não forçar e preparar melhor a próxima época.
Mas esta explicação não foi totalmente convincente na Bélgica, depois de o guarda-redes ter feito uma grande exibição na final da Liga dos Campeões, ganha pelo Real Madrid, a 1 de junho, contra o Borussia Dortmund (2-0).
Agora, longe da sua seleção, está a gozar as férias com a sua mulher.
A questão da braçadeira
A verdadeira razão da ausência do guarda-redes reside no que os meios de comunicação social apelidaram de "armband-gate".
Em junho de 2023, Courtois ficou chateado por não ter sido nomeado capitão, na ausência de Kevin De Bruyne, num jogo contra a Áustria, na sua 100.ª internacionalização. Romelu Lukaku foi o escolhido e Courtois decidiu então bater com a porta da seleção nacional, alguns dias mais tarde, antes de um jogo contra a Estónia.
"Decidimos que o Romelu seria o capitão contra a Áustria e o Thibaut contra a Estónia. Não havia problema. Depois do jogo, ele ficou ofendido com a decisão. Estou surpreendido e afetado. Não estava à espera que algo assim acontecesse", explicou Tedesco na altura, em conferência de imprensa.
"É o momento em que, enquanto federação e treinador, se pode fazer um gesto bonito a um guarda-redes que fez muito pelo seu país (...) Quando ele disse que o Romelu era capitão contra a Áustria e eu contra a Estónia, algo quebrou em mim", respondeu Courtois.
Casteels sob pressão
Ninguém saiu vencedor deste caso. Courtois ganhou a inimizade de alguns companheiros de equipa, a federação e os meios de comunicação belgas condenaram "a sua crise de ego" e descreveram o seu comportamento como "um capricho de estrela e uma atitude infantil, para não dizer de uma criança mimada", escreveu o jornal Le Soir.
Mas a verdade é que a seleção belga está privada de um dos melhores guarda-redes do planeta, numa altura em que o seu setor defensivo é precisamente o seu calcanhar de Aquiles.
Conscientes desta realidade, o treinador de guarda-redes e o diretor técnico deslocaram-se a Madrid, há algumas semanas, para tentar encontrar uma solução. Em vão.
Tudo isto aumentou exponencialmente a pressão sobre o homem encarregado de defender a baliza belga no Campeonato da Europa. Koen Casteels (31 anos), do Wolfsburgo, que irá para a Arábia Saudita, foi nomeado o novo número um, à frente de Matz Sels, do Nottingham Forest. Uma decisão que surpreendeu, pois Sels tinha brilhado nos últimos jogos dos Devils.
"Tedesco tomou uma decisão curiosa a favor de Casteels. Sei que o guarda-redes do Nottingham Forest está a passar por um momento muito difícil. Pelo que demonstrou na fase de qualificação e no seu clube, considero difícil, se não impossível, que Sels seja afastado da baliza. Em todo o caso, o treinador terá de encontrar as palavras para lhe explicar o inexplicável", afirmou o antigo internacional Philippe Albert, analista da RTBF e do Le Soir.
"Para Casteels, o Campeonato da Europa não será fácil de gerir, porque ele vai sentir-se espiado a cada intervenção. O mais pequeno erro da sua parte e as redes sociais vão lembrar-se do recente regresso de Courtois e da sua vitória na Liga dos Campeões", advertiu.