Muito menor do que no formato atual, em 1988 a fase final da Euro foi disputada por apenas oito seleções. Elas foram divididas em dois grupos de quatro, e apenas líderes e vice-líderes avançavam às semifinais. Ao todo, a competição contava com 15 jogos, número bem inferior aos 51 de 2024.
Veja a tabela completa da Euro de 1988
Disputada entre 10 e 25 junho de 1988, a Euro da Alemanha Ocidental foi marcante por algumas despedidas — inclusive do país-sede —, ausências e gols icônicos.
Sem a atual campeã
Antes de começar, o torneio sofreu uma baixa muito considerável. A França, atual campeã e semifinalista da Copa do Mundo de 1986, foi derrotada pela União Soviética em seu grupo das Eliminatórias e ficou de fora. Essa foi a única ausência francesa de 1984 até hoje.
Outras duas seleções com bons resultados à época não conseguiram classificação: Portugal, semifinalista da Euro de 1984, e a Bélgica, semifinalista da Copa do Mundo de 1986.
Fim de uma era
Com a dissolução dos países comunistas poucos anos depois, a Euro de 88 foi a última de duas nações. A primeira, justamente a sede: Alemanha Ocidental. A nação alemã, dividida em lado Ocidental e Oriental, seria reunificada no fim de 1990 e disputaria a Euro de 92 como uma só seleção. A última competição da Alemanha Ocidental foi a Copa do Mundo de 1990, em que conseguiu seu terceiro título mundial.
A outra seleção que se despediu foi a União Soviética. A finalista da Euro 88 e campeã em 1960 deixaria de existir no fim de 1991 e daria origem a 15 países. Na competição seguinte, em 1992, os países do bloco soviético disputaram a competição juntos, sob bandeira neutra, com o nome de Comunidades dos Estados Independentes.
Uniformes e gols icônicos
A Euro de 88 também serviu como um marco estético. O torneio foi uma espécie de ponto de virada entre o conservadorismo dos uniformes dos anos 1980 e a explosão de cores e formas dos anos 1990. Foi naquela competição que a Alemanha Ocidental apresentou a camisa com sua bandeira, que se tornaria muito marcante na Copa do Mundo de 1990.
Outra revolução se deu nos uniformes de Holanda e União Soviética, duas seleções patrocinadas pela Adidas. A marca alemã iniciou a era das aplicações mais ousadas nas camisas e com degradês em formas nunca antes vistas.
De ótimo nível técnico, o torneio contou com gols que ficaram na memória coletiva. Como a bicicleta de Ronnie Whelan, da Irlanda, contra a União Soviética; e o sem-pulo antológico de Marco van Basten, da Holanda, na final contra a União Soviética.
Vingança holandesa
Vice-campeã mundial em 1974 para a Alemanha Ocidental, a Holanda voltou ao mesmo palco, 14 anos depois, para conquistar sua maior glória. Os holandeses, com uma geração histórica liderada por Marco van Basten e Ruud Gullit, conseguiram a vingança tão desejada.
Depois de uma primeira fase de altos e baixos, a semifinal reservou a reedição da final da Copa do Mundo de 1974. Alemanha Ocidental e Holanda se reencontraram em Hamburgo, e o roteiro foi o inverso da decisão mundial. Os donos da casa saíram na frente com Lothar Matthäus, mas os holandeses viraram com Ronald Koeman e Van Basten.
Depois de exorcizar seu maior fantasma, a Holanda foi leve para bater a União Soviética na final por 2 a 0. Os gols do título foram de Gullit e Van Basten. Até hoje esse é o único grande título da Holanda, seleção que foi vice-campeã mundial três vezes (1974, 1978 e 2010).
Seleção da Euro 88
Goleiro: Hans van Breukelen (Holanda)
Defensores: Giuseppe Bergomi (Itália), Paolo Maldini (Itália), Ronald Koeman (Holanda) e Frank Rijkaard (Holanda)
Meias: Giuseppe Giannini (Itália), Jan Wouters (Holanda) e Lothar Matthäus (Alemanha)
Atacantes: Gianluca Vialli (Itália), Ruud Gullit (Holanda) e Marco van Basten (Holanda)