Reveja as principais incidências da partida
Este interlúdio até ao arranque do Campeonato da Europa é propício a exageros. Até à bola começar a rolar na Alemanha ninguém sabe muito bem o que vale cada uma das seleções, mas até lá tentam tirar-se ilações de particulares com características muito próprias e diferentes dos jogos a sério.
No regresso ao Jamor após um interregno de 10 anos (uma forma de assinalar os 80 anos do Estádio Nacional que vão ser celebrados na próxima segunda-feira), Portugal defrontava a Croácia. Semifinalista do último Mundial, a equipa dos Balcãs está a aproveitar a última dança de uma Geração de Ouro e seria o teste mais difícil, em termos teóricos, da era Roberto Martínez.
Aluno de nota 20 na qualificação, com 10 vitórias em 10 jogos disputados, Portugal viu sempre ser-lhe associado a um asterisco à caminhada histórica para Alemanha: a qualidade dos adversários. Dificilmente se pode considerar Liechtenstein, Luxemburgo, Bósnia, Islândia ou Eslováquia como equipas de topo no atual panorama do futebol europeu.
Nos particulares que se seguiram, a mesma questão. Suécia, Eslovénia e Finlândia são nomes que não nos surgem na cabeça quando se pensa em desafios complicados para um Portugal que aspira a repetir 2016. Com os eslovenos, contudo, a primeira derrota, a primeira negativa, que dava que pensar, mas não assustava.
Para o teste de maior exigência, o onze foi praticamente de gala, apesar de Roberto Martínez não o querer admitir. Dos que estavam no banco, talvez João Cancelo, Pepe e Cristiano Ronaldo possam ser titulares contra a República Checa daqui a 10 dias.
Falta de inspiração
Foi por isso surpreendente a exibição completamente apagada do primeiro tempo. A falta de Vitinha sobre Kovacic, discutível, que deu origem a um penálti aos cinco minutos foi o indicador de uma tarde que não ia ser de festa. Luka Modric converteu o castigo máximo e deixou a Croácia no comando do marcador e do jogo.
Com pouco jogador capaz de romper entre linhas e muitos a procurarem a bola no pé, Portugal não conseguiu penetrar no bloco defensivo croata e a defender teve sempre muitas dificuldades, sobretudo com as incursões de Gvardiol, que chegou a estar perto de dilatar a vantagem.
Lição aprendida?
No segundo tempo, Roberto Martínez deu notas de perceber o que estava errado. Rafael Leão entrou para o lugar de João Félix e trouxe outra velocidade à esquerda. Diogo Jota foi um perfil diferente de Gonçalo Ramos e o dinamismo que trouxe ao ataque foi imediatamente visível.
Aos 58 minutos, Nélson Semedo surgiu pela direita e cruzou para a pequena área onde o avançado do Liverpool só teve de encostar. Empate por dois nomes saídos do banco de suplentes ao intervalo e sinais de esperança para os adeptos lusos.
2x4
Mas se as questões ofensivas pareciam remendadas, defensivamente a equipa continua a mostrar dificuldades. Porque o empate durou pouco e aos 56 minutos foram os croatas a gritar golo novamente. O remate de Pasalic bateu na trave e Ante Budimir foi mais lesto a atacar a bola perante o desamparado Diogo Costa.
Quarto jogo consecutivo a sofrer dois golos (frente à Suécia, Eslovénia, Finlândia e Croácia). Isto depois de uma fase de qualificação em que só na sétima jornada (de dez) é que sofreu um tento (no caso dois).
Em desvantagem, Portugal partiu para cima do adversário, tentou emendar as respostas erradas. Bruno Fernandes (65 minutos), Vitinha (68’) e Rúben Dias (68’) estiveram muito perto, mas ou não tiveram pontaria, ou viram Livakovic mostrar reflexos atentos.
Contudo, os problemas continuavam lá e Diogo Costa teve de de mostrar grandes reflexos para evitar o terceiro golo da Croácia, numa jogada em que passividade foi o melhor adjetivo para descrever a equipa portuguesa.
O apito final confirmou a negativa. O aluno brilhante não conseguiu passar ao cadeirão do curso antes do Euro-2024. Tem agora o duelo com a República da Irlanda para estudar um pouco mais evitar novo deslize antes dos exames finais na Alemanha, que estão já aí à porta.